sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A "última" conversa


Ela disse "não seja louco!". Mas eu ignorei, pois tinha algo a fazer...não perdê-la.
Cheguei em sua cidade, caminhei até a casa, parei em frente, tirei meus três brincos e um piercing. Eu já havia feito a barba e estava trajado de forma social. Bati na porta. Um senhor me atendeu, suas pupilas dilataram ao refletir minha imagem, franziu o cenho. Ficou mudo. Esperei alguns minutos até que ele resovesse me dirigir a palavra. Com uma calma que contrastava com minhas mãos perdidas entre meus bolsos e braços, sentou-se, olhou fixamente para meus olhos, como se eu o desafiasse. Disse-lhe tudo que fui, o que sou e o que almejo ser, falei do meu caráter, das minhas creças e principalmente do meu amor por ela. Ele balançava a cabeça negativamente para quase tudo que saía de minha boca.
Depois de quase mais de uma hora abrindo meu peito, tinha cansado. Dei todos argumentos necessários e além de verdadeiros, ele preferia se manter cego e ignorante ao simples e terno.

Me levantei e disse:
- Sabe por que hoje estou sem brincos, piercing, barba e trajado de forma mais social? - ele só me olhou, piscou as pálpebras vagarosamente e fez menção a uma resposta de "não". - Por que o senhor só vê rótulos, sua mente provavelmente está tão fechada quanto seu coração, pois só pensa em si, e não nas pessoas que lhe rodeiam, e se me forcei a aparentar diferente, a mudar minha personalidade momentaneamente, é por que o senhor nunca verá uma pessoa pelo seu caráter, pro senhor a capa do livro define tudo não é? - levantei e saí.

Ao ir embora, nem ao menos fui até ela para beijá-la. Não havia mais o que fazer, não sozinho. Talvez se ela arriscasse mais, se não tivesse tanto medo de ser tornar independente de verdade, ao contrário do que ela sempre acreditou por brincar de ser.

Mas eu tentei.

Nenhum comentário: