sábado, 30 de agosto de 2008

Aos meus músculos


Demorei algum tempo para postar o texto de hoje. Me deparei com uma página em branco. Sim, a mesma sensação de um vazio. Do nada. Do início do fim, do fim de um belo início. Pergunto entre lágrimas aos meus músculos uma questão para cada um deles:

Aos músculos dos braços: "Por que a deixei escapar? Não lhe dei amor suficiente? Não amparei suas lágrimas, não lhe dei o acolhedor abraço de despedida e do reencontro?"

Às pernas: "Correste tanto, não acha que deveria ter corrido mais? Duvida que as cãimbras valeram a pena? Sabes por que perdeste o entrelaçar das pernas entre as dela?"

Aos músculos do rosto: "Sentirá saudade de sorrir tão rasgadamente quando a via? Quando ela com seu jeito bobo lhe florecia o bom humor? Quando choravam feito crianças bobas ao verem filmes de drama?"

Às mãos: "Saberá percorrer outro corpo com tamanha maestria como fazia? Terá outro rosto lindo e macio para transmitir o maior amor do mundo? A imensa ternura?"

Ao coração: ....este não quis me ouvir, e nem falar, está triste, com raiva, com esperanças, e esperando ainda...mas não sabe quanto tempo consegue suportar a espera...este músculo nada mais faz....este...só me bate.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Vício


A saudade é uma droga, e a cada dose que te vejo, sacio meu desejo momentaneamente e me mantenho dependente da sua boca em minha mente.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Interminável



Minha saudade é interminável, é infinita. Sinto sua falta como a Lua da companhia das estrelas, as estrelas da noite, e a noite da Lua...

...mas eu estou aqui em baixo, sem saber quando conseguirei te tocar, pois admirar, é o que tenho feito em minha vida desde o nosso começo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A "última" conversa


Ela disse "não seja louco!". Mas eu ignorei, pois tinha algo a fazer...não perdê-la.
Cheguei em sua cidade, caminhei até a casa, parei em frente, tirei meus três brincos e um piercing. Eu já havia feito a barba e estava trajado de forma social. Bati na porta. Um senhor me atendeu, suas pupilas dilataram ao refletir minha imagem, franziu o cenho. Ficou mudo. Esperei alguns minutos até que ele resovesse me dirigir a palavra. Com uma calma que contrastava com minhas mãos perdidas entre meus bolsos e braços, sentou-se, olhou fixamente para meus olhos, como se eu o desafiasse. Disse-lhe tudo que fui, o que sou e o que almejo ser, falei do meu caráter, das minhas creças e principalmente do meu amor por ela. Ele balançava a cabeça negativamente para quase tudo que saía de minha boca.
Depois de quase mais de uma hora abrindo meu peito, tinha cansado. Dei todos argumentos necessários e além de verdadeiros, ele preferia se manter cego e ignorante ao simples e terno.

Me levantei e disse:
- Sabe por que hoje estou sem brincos, piercing, barba e trajado de forma mais social? - ele só me olhou, piscou as pálpebras vagarosamente e fez menção a uma resposta de "não". - Por que o senhor só vê rótulos, sua mente provavelmente está tão fechada quanto seu coração, pois só pensa em si, e não nas pessoas que lhe rodeiam, e se me forcei a aparentar diferente, a mudar minha personalidade momentaneamente, é por que o senhor nunca verá uma pessoa pelo seu caráter, pro senhor a capa do livro define tudo não é? - levantei e saí.

Ao ir embora, nem ao menos fui até ela para beijá-la. Não havia mais o que fazer, não sozinho. Talvez se ela arriscasse mais, se não tivesse tanto medo de ser tornar independente de verdade, ao contrário do que ela sempre acreditou por brincar de ser.

Mas eu tentei.

sábado, 16 de agosto de 2008

Uma volta


Me sentia oscilando entre a vida e a morte. Não sabia ao certo se estava vivo.

Fui, voltei, fui novamente. Caí, chorei, levantei. Riram de mim, fui tachado de coitado, fui amaldiçoado. Mas também fui abençoado e carregador de pensamentos positivos. Fui negativo.
Quando saí, achei que seria apenas uma volta, e assim sofri um caminho sem horizonte, um chão trincado e o vento abafado a queimar meu rosto. Pensei que fosse apenas uma volta. Mas tive que aprender a ver a hora passar, as pessoas dizerem "adeus", a ser o único a ficar, o único a não sorrir, e quando sorrisse, que fosse por poucos segundos e de forma amarela. Acostumei a ser o último a apagar a luz, era como se fosse uma maldição. Porém, aprendi com minhas lágrimas, e nelas nadei para poder retornar ao seio de minha vida, e como uma explosão que surge do mais absoluto silêncio, gritei que estava vivo, na mesma ânsia de quem sai da submersão do mar revolto. E entre lágrimas de um sorriso tímido mas vencedor, superador. Trêmulo me ajoelhei e nunca antes em minha vida tinha enxergado tudo ao meu redor tão pequeno. Foi uma mistura de sentimentos, entre elas, a que muito ainda havia a ser feito apesar do êxito.

E ao me verem correndo transbordando brilho de meu semblante, disseram-me: "Por que estás tão feliz?
Eu respondi: "Nada, apenas uma volta..."

Eu estava vivo...